Quatro dias com Fernando Pessoa no Porto pela mão da Comuna
Depois de alguns anos afastada do Porto, a companhia lisboeta leva ao Palco do Helena Sá e Costa a peça Do Desassossego
O Teatro Helena Sá e Costa (THSC) vai ser palco da primeira apresentação no Porto da peça Do Desassossego, que a companhia Comuna mantém em cena há dez anos e na qual o actor Carlos Paulo tem o papel principal. Do Desassossego estará no THSC entre amanhã e domingo e é um caso de longevidade no panorama teatral português, visto por cerca de 25 mil espectadores em dez anos de reposições - a estreia foi em 2001, em Lisboa.
A peça é uma adaptação que o próprio Carlos Paulo fez do Livro do Desassossego, escrito por Bernardo Soares - um guarda-livros da cidade de Lisboa e um dos heterónimos de Fernando Pessoa. Uma década volvida sobre a estreia, o conhecido actor ainda mantém a "esperança que, no final de cada noite, alguém saia diferente do que quando entrou, desassossegado para sempre, a sentir o que o escriturário da Rua dos Douradores confessou: "Nunca me sinto tão próximo da verdade como nas raras vezes em que vou ao teatro ou ao circo".
Para João Mota, autor da versão cénica, encenador e director da Comuna, "é fascinante que um livro escrito há quase um século ainda levante questões incontornáveis no crescimento do homem enquanto ser humano". "A peça tem uma hora, escolhemos as passagens que são mais importantes e não alterámos nada" do que está no livro, disse João Mota à Agência Lusa, considerando que o livro de Bernardo Soares/Fernando Pessoa "é o mais triste alguma fez escrito em Portugal depois de "Só"", de António Nobre.
Do Desassossego chega agora, dez anos volvidos sobre a sua estreia, a um palco portuense, o que tanto para o encenador, João Mota, como para o actor, é algo estranho. "Tentámos tudo e nunca conseguimos", disse João Mota à Agência Lusa, referindo que "a própria Comuna nunca foi ao Teatro Nacional São João nem ao Carlos Alberto".
Carlos Paulo considerou mesmo que, "a partir de um determinado momento, a Comuna deixou de ter entrada na cidade do Porto", apesar de ser "o grupo português que mais vezes participou no FITEI (Festival Internacional de Teatro de Expressão Ibérica)". Desta vez, o grupo está no Porto por sua "conta e risco, com o apoio do THSC, porque acredita que o público do Porto merece ver este espectáculo".
João Mota recordou que, "antigamente", a Comuna também ia ao Rivoli, "quando estava lá a Isabel Alves Costa", mas tudo mudou desde então. O encenador defende que "devia ser a câmara" a encarregar-se da programação do teatro municipal, "mas infelizmente não liga nada à cultura", criticou.
Na tentativa de colmatar um vazio no que diz respeito à oferta de espectáculos dirigidos a um público infanto-juvenil, o THSC vai ainda receber, de 14 a 16 de Outubro, a peça clownesca Bão Preto, que, ao fim de quase 20 anos de interregno, está de volta aos palcos portugueses também pela mão da Comuna. (Publico)
A peça é uma adaptação que o próprio Carlos Paulo fez do Livro do Desassossego, escrito por Bernardo Soares - um guarda-livros da cidade de Lisboa e um dos heterónimos de Fernando Pessoa. Uma década volvida sobre a estreia, o conhecido actor ainda mantém a "esperança que, no final de cada noite, alguém saia diferente do que quando entrou, desassossegado para sempre, a sentir o que o escriturário da Rua dos Douradores confessou: "Nunca me sinto tão próximo da verdade como nas raras vezes em que vou ao teatro ou ao circo".
Para João Mota, autor da versão cénica, encenador e director da Comuna, "é fascinante que um livro escrito há quase um século ainda levante questões incontornáveis no crescimento do homem enquanto ser humano". "A peça tem uma hora, escolhemos as passagens que são mais importantes e não alterámos nada" do que está no livro, disse João Mota à Agência Lusa, considerando que o livro de Bernardo Soares/Fernando Pessoa "é o mais triste alguma fez escrito em Portugal depois de "Só"", de António Nobre.
Do Desassossego chega agora, dez anos volvidos sobre a sua estreia, a um palco portuense, o que tanto para o encenador, João Mota, como para o actor, é algo estranho. "Tentámos tudo e nunca conseguimos", disse João Mota à Agência Lusa, referindo que "a própria Comuna nunca foi ao Teatro Nacional São João nem ao Carlos Alberto".
Carlos Paulo considerou mesmo que, "a partir de um determinado momento, a Comuna deixou de ter entrada na cidade do Porto", apesar de ser "o grupo português que mais vezes participou no FITEI (Festival Internacional de Teatro de Expressão Ibérica)". Desta vez, o grupo está no Porto por sua "conta e risco, com o apoio do THSC, porque acredita que o público do Porto merece ver este espectáculo".
João Mota recordou que, "antigamente", a Comuna também ia ao Rivoli, "quando estava lá a Isabel Alves Costa", mas tudo mudou desde então. O encenador defende que "devia ser a câmara" a encarregar-se da programação do teatro municipal, "mas infelizmente não liga nada à cultura", criticou.
Na tentativa de colmatar um vazio no que diz respeito à oferta de espectáculos dirigidos a um público infanto-juvenil, o THSC vai ainda receber, de 14 a 16 de Outubro, a peça clownesca Bão Preto, que, ao fim de quase 20 anos de interregno, está de volta aos palcos portugueses também pela mão da Comuna. (Publico)
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