sábado, 12 de novembro de 2011

ALBERTO CAEIRO – O MESTRE INGÉNUO




ALBERTO CAEIRO – O MESTRE INGÉNUO

Para Caeiro fazer poesia é uma atitude involuntária, espontânea, pois vive no presente, não querendo saber de outros tempos, e de impressões, sobretudo visuais, e porque recusa a introspecção, a subjectividade, sendo o poeta do real objectivo.
       Caeiro canta o viver sem dor, o envelhecer sem angústia, o morrer sem desespero, o fazer coincidir o ser com o estar, o combate ao vício de pensar, o ser um ser uno, e não fragmentado.

  • Discurso poético de características oralizantes (de acordo com a simplicidade das ideias que apresenta): vocabulário corrente, simples, frases curtas, repetições, frases interrogativas, recurso a perguntas e respostas, reticências;
  • Apologia da visão como valor essencial (ciência de ver).
  • Relação de harmonia com a Natureza (poeta da natureza).
  • Rejeita o pensamento, os sentimentos, e a linguagem porque desvirtuam a realidade (a nostalgia, o anseio, o receio são emoções que perturbam a nitidez da visão de que depende a clareza de espírito)
  • Negação da metafísica e valorização da aquisição do conhecimento através das sensações não intelectualizadas.; é contra a interpretação do real pela inteligência; para ele o real é a exterioridade e não devemos acrescentar-lhe as impressões subjectivas. Os poemas O Mistério das coisas, onde está ele? e Sou um guardador de rebanhos mostram-nos estas ideias.
  • Negação de si mesmo, projetado em Quem me dera que a minha vida fosse um carro de bois;
  • Atração pela infância, como sinónimo de pureza, inocência e simplicidade, porque a criança não pensa, conhece pelos sentidos como ele, pela manipulação dos objetos pelas mãos, como no poema Criança desconhecida e suja brincando à minha porta;
  • Poeta da Natureza, na sua perpétua renovação e sucessão, da Aurea Mediocritas, da simplicidade da vida rural;
  • A vivência da passagem do tempo não existe, são só vivências atemporais: o tempo é ausência de tempo. 
 Panteísmo Naturalista

-
   tudo é Deus, as coisas são divinas (“Deus é as árvores e as flores/ E os montes e o luar e o sol...”)
-   paganismo;
-   desvalorização do tempo enquanto categoria concetual (“Não quero incluir o tempo no meu esquema”);
-   contradição entre “teoria” e “prática";


Antimetafísico
 
(“Há bastante metafísica em não pensar em nada.”)
-   recusa do pensamento (“Pensar é estar doente dos olhos”)
-   recusa do mistério
-   recusa do misticismo”
  

Objetivismo
 
-   apagamento do sujeito
-   atitude antilírica
-   atenção à “eterna novidade do mundo”
-   integração e comunhão com a Natureza
-   poeta deambulatório

  Sensacionismo

-   poeta das sensações tal como elas são
-   poeta do olhar
-   predomínio das sensações visuais (“Vi como um danado”) e das auditivas


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