sexta-feira, 23 de dezembro de 2011

Chove. É dia de Natal | Fernando Pessoa


Chove. É dia de Natal Chove.
É dia de Natal. Lá para o Norte é melhor:
Há a neve que faz mal,
E o frio que ainda é pior.

E toda a gente é contente
Porque é dia de o ficar.
Chove no Natal presente.
Antes isso que nevar.

Pois apesar de ser esse
O Natal da convenção,
Quando o corpo me arrefece
Tenho o frio e Natal não.

Deixo sentir a quem quadra
E o Natal a quem o fez,
Pois se escrevo ainda outra quadra
Fico gelado dos pés.

Fernando Pessoa

Teste 12.º

testereis_convertido

domingo, 27 de novembro de 2011

Mecanismos de Coesão


Coesão frásica: processo que assegura a unidade entre os diferentes elementos linguísticos de uma frase simples ou de uma oração.
Processos: Ordenação das palavras na frase; concordância das palavras em género e/ou número; regência de preposições.
 
Coesão interfrásica: processo que assegura a articulação de orações, frases e parágrafos entre si.
Processos: Coordenação; subordinação; articulação por outros conectores/organizadores.

Coesão temporal: processo que consiste na sequencialização dos enunciados, segundo uma lógica temporal.
Processos: Expressões adverbiais ou preposicionais com valor temporal; datas; expressões que assinalam ordem; utilização correlativa de tempos  verbais.
Coesão Referencial: propriedade dos textos (orais e escritos) em que determinadas expressões linguísticas estabelecem relações de dependência com o discurso anterior, o discurso subsequente ou a situação de comunicação.
Processos: Anáforas lexicais, anáforas pronominais,elipses, catáforas lexicais, pronominais,
deícticos.
Coesão lexical: processo que  assegura a relação correferencial entre expressões linguísticas presentes nos enunciados.

domingo, 20 de novembro de 2011

Vem sentar-te, Lídia, [sistematização]

Síntese das características literário-estilísticas de Ricardo Reis




Epicurismo e estoicismo

Ricardo Reis oferece-nos uma filosofia de vida influenciada pelo epicurismo, pelo estoicismo e pelo “carpe diem" ("aproveitai o dia") do poeta romano Horácio.

·         A sua filosofia de vida é a de um epicurismo triste, pois defende o prazer do momento, o "carpe diem", como caminho da felicidade, mas sem ceder aos impulsos dos instintos.
·         O epicurismo consiste na filosofia moral de Epicuro (341-270 a. C.), que defendia o prazer como caminho da felicidade. Mas para que a satisfação dos desejos seja estável, sem desprazer ou dor, é necessário um estado de ataraxia, ou seja, de tranquilidade e sem qualquer perturbação.
·          Apesar deste prazer que procura e da felicidade que deseja alcançar, considera que nunca se consegue a verdadeira calma e tranquilidade, ou seja, a ataraxia (a tranquilidade sem qualquer perturbação). Sente que tem de viver em conformidade com as leis do destino, indiferente à dor e ao desprazer, numa verdadeira ilusão da felicidade, conseguida pelo esforço estóico disciplinado.
·          O estoicismo é uma corrente filosófica que considera ser possível encontrar a felicidade desde que se viva em conformidade com as leis do destino que regem o mundo, permanecendo indiferente aos males e às paixões, que são perturbações da razão. O ideal ético é a apatia, que se define como ausência de paixão e permite a liberdade, mesmo sendo escravo.
·         Ricardo Reis é o poeta clássico, da serenidade epicurista, que aceita, com calma lucidez, a relatividade e a fugacidade de todas as coisas.

Ricardo Reis é o heterónimo que projeta Pessoa para a antiguidade da Grécia clássica. É o poeta das odes, o poeta que à semelhança de
Horácio, na Roma Antiga, se refugia na aparente felicidade pagã que lhe vela e esbate o desespero.

Proclama uma sabedoria desenganada e surge como a apologia da inteligência de Fernando Pessoa. Nas Páginas Íntimas diz ele: "Pus em Ricardo Reis toda a minha disciplina mental vestida de música que lhe é própria.” É, no dizer de Gaspar Simões, através de Ricardo Reis que Fernando Pessoa se aproxima de si mesmo. Em Ricardo Reis vê-se não só o mundo de angústias que afecta Pessoa, mas a apatia, a desilusão perante o mistério da vida sem soluções. Tudo é incerto, nada fica de nada, nada somos, tudo passa, tudo muda.

Classicismo

A nível formal, a poesia de Ricardo Reis revela um estilo trabalhado, rigoroso e clássico. A sintaxe clássica latina, frequentemente com a inversão da ordem lógica, favorece o ritmo das suas ideias disciplinadas. A precisão verbal, os latinismos, o uso de formas estróficas (a ode, o epigrama e a elegia) e métricas (verso decassilábico) de influência clássica e o emprego de arcaísmos vocabulares são marcas do classicismo erudito de Reis.

quarta-feira, 16 de novembro de 2011

(anti-Ricardo Reis), Adília Lopes

(anti-Ricardo Reis)


O rio
é bom
para nadar
e as flores
para dar
o resto
são cantigas
casa-te com Lídia
tem bebés
passa a lua-de-mel
na Grécia.


Adília Lopes